A manhã de 25 de abril de 2024 foi em Anadia, à semelhança de todo o território português, muito diferente da manhã de 25 de abril de 1974. 50 anos separam um regime baseado na ditadura de um regime com base em democracia, com liberdades e direitos essenciais à vida como a conhecemos hoje.
A Assembleia Municipal reuniu-se em sessão pública, com a presença de representantes das associações culturais, recreativas e desportivas, representantes de autoridades militares, o corpo de bombeiros, os deputados municipais, presidentes das juntas de freguesia e população anadiense para celebrar o 50º aniversário da Revolução dos Cravos.
A atuação da Orquestra Ligeira de Anadia, a chegada da GNR e corpo de bombeiros, os cumprimentos de honra, o hastear das bandeiras e largada de pombos foram os momentos que antecederam os tradicionais discursos.
Manuel Pinho, presidente da Assembleia Municipal, foi quem encerrou a sessão e lembrou que vivemos “meio século de esperança numa vida melhor”: “Que os ideais de abril sejam regados para evitar que murchem. Vivemos tempo atribulados, mas não podem ser justificativos da inação. A janela de oportunidades que nos deixaram não pode ter cortinas opacas. Tenhamos honra e orgulho em ser portugueses, um país sem memória e orgulho não tem identidade. As nossas obrigações são anteriores aos nossos direitos”.
A presidente da Câmara Municipal de Anadia, Teresa Cardoso, lembrou ainda que a revolução marcou uma época, de liberdade, começos e conquistas de uma sociedade que reconhece a importância do 25 de abril. Deu ainda ênfase à importância do poder local, que considera importante para defender os interesses das populações.
“Desde as primeiras eleições que o poder local se tem apresentado ao serviço. As autarquias têm feito muito, muitas vezes até ultrapassando as competências que pertencem ao poder central. Ser autarca é uma nobre missão de serviço público e quem já cumpriu essa missão deve sentir-se orgulhoso. A participação pública é um direito mas também um dever. Não nos esqueçamos que a democracia não é um dado adquirido”, disse.
Pela Coligação Democrática Unitária, Rui Bastos recordou que esta é uma data que marca uma viragem no país com aquilo que foi conquistado, “não só nas liberdades, mas também nos direitos”: “Lembrar as fraquezas do passado é essencial para o presente. As conquistas da democracia têm que ser trabalhadas todos os dias e cabe a cada um de nós celebrar esta data à sua maneira.
Pelo Partido Socialista, o deputado Fernando Barbosa, contou a sua participação direta neste momento de 1974, sendo que cumpria, à época, serviço militar obrigatório. Relatou alguns factos históricos da época e de acontecimentos sucedidos posteriormente. Deu ainda alguns dados indicativos das mudanças e melhoramentos no país. “A visão favorável sobre o nosso passado recente, permite-nos manter a esperança no futuro do regime democrático, que os Capitães de Abril há 50 anos nos garantiram e que o Povo Português soube cuidar, desenvolver e trazer até aqui”, finalizou.
A representar o Partido Social Democrata, João Gaspar disse que essa data trouxe a liberdade e o sonho, relatando alguns problemas da sociedade atual, lembrou questões como a emigração e as dificuldades dos jovens: “O 25 de abril trouxe um despertar. A resposta a estas questões está nas nossas mãos. A liberdade só pode ser conquistada com responsabilidade”, destacando a importância de votar como resposta a algumas questões.
Em representação do Movimento Independente Anadia Primeiro, Nuno Portovedo, afirmou que o movimento de capitães fez nascer o dia 25 de abril e que esta data não é de nenhuma força ou movimento político, mas do povo, e daquilo que por direito é do povo: “Foi o povo que foi construindo o seu futuro. A democracia é o mais desafiador dos regimes e, por muito que alguns dos valores estejam em crise, é com eles que temos que trabalhar. A liberdade é a oportunidade de fazer melhor”.