Casa António Fragoso recebeu III Concerto das Janelas Abertas

Mais de quatro centenas de pessoas estiveram presentes no III Concerto das Janelas Abertas, que decorreu no sábado, 3 de setembro, numa iniciativa que visou recriar uma tradição centenária e prevalece na memória de todo o povo da Pocariça. Intitulado “António Fragoso: da Vida e da Obra”, o espetáculo visou recriar os serões de verão, onde se juntavam a António Fragoso e sua família, diversos artistas, proporcionando verdadeiros concertos.

Presentes no espetáculo para além do anfitrião Eduardo Fragoso, sobrinho do compositor e presidente da Associação António Fragoso, estiveram Helena Teodósio e Pedro Cardoso, presidente vice-presidente da Câmara Municipal, Nuno Caldeira, presidente da União das Freguesias de Cantanhede e Pocariça, entre os muitos familiares e aficionados deste género musical.

Com organização a cargo da Associação António Fragoso, o concerto contou com a participação de inúmeros artistas, com destaque para a pianista Margarida Prates que interpretou “Poème du Soir”, obra de António Fragoso, num programa que pontificaram ainda outras obras composições musicais do autor pocaricense, como “Morena”, “Sonata Inacabada” ou “Petite Suíte”. Foram ainda interpretadas peças de Duarte Lôbo (1565-1646), Johann Sebastian Bach (1585-1750), Mozart (1756-1791) e “2016”, do contemporâneo João Vasco. De salientar ainda a participação dos pianistas João Vasco e Luís Costa, do violinista Pedro Lopes, do violoncelista Fernando Costa e do ensemble Octeto+Um.

António Fragoso nasceu na Pocariça a 17 de junho de 1897 no seio de “uma família abastada e culta”, revelando desde cedo a sua vocação musical, desde os 6 anos de idade. No Porto, onde viveu entre 1907 e 1914, estudou piano com Ernesto Maia (1861-1924). Em 1914 matriculou-se no Conservatório Nacional, em Lisboa, tendo sido aluno de Marcos Garin, Tomás Borba e Luís de Freitas Branco.

Em 1916 realizou o seu primeiro concerto, totalmente preenchido por obras suas, e foi apontado pela crítica como “um dos mais poderosos talentos da sua geração”. No ano seguinte efetuou uma digressão nacional com o violinista Fernando Cabral. Em julho de 1918 terminou o curso do Conservatório com a classificação máxima, e a 13 de outubro, aos 21 anos, morreu na Pocariça, vítima da pandemia de gripe pneumónica. O músico projetava viajar nesse ano para Paris onde fora aceite na Schola Cantorum.

Do seu legado destacam-se os Prelúdios para Piano, Danças Portuguesas e Lieder, esta para canto, as peças de câmara e, como composição culminante da sua obra instrumental, o belo Noturno para orquestra.

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