Mais de quatro centenas de pessoas estiveram presentes no III Concerto das Janelas Abertas, que decorreu no sábado, 3 de setembro, numa iniciativa que visou recriar uma tradição centenária e prevalece na memória de todo o povo da Pocariça. Intitulado “António Fragoso: da Vida e da Obra”, o espetáculo visou recriar os serões de verão, onde se juntavam a António Fragoso e sua família, diversos artistas, proporcionando verdadeiros concertos.
Presentes no espetáculo para além do anfitrião Eduardo Fragoso, sobrinho do compositor e presidente da Associação António Fragoso, estiveram Helena Teodósio e Pedro Cardoso, presidente vice-presidente da Câmara Municipal, Nuno Caldeira, presidente da União das Freguesias de Cantanhede e Pocariça, entre os muitos familiares e aficionados deste género musical.
António Fragoso nasceu na Pocariça a 17 de junho de 1897 no seio de “uma família abastada e culta”, revelando desde cedo a sua vocação musical, desde os 6 anos de idade. No Porto, onde viveu entre 1907 e 1914, estudou piano com Ernesto Maia (1861-1924). Em 1914 matriculou-se no Conservatório Nacional, em Lisboa, tendo sido aluno de Marcos Garin, Tomás Borba e Luís de Freitas Branco.
Em 1916 realizou o seu primeiro concerto, totalmente preenchido por obras suas, e foi apontado pela crítica como “um dos mais poderosos talentos da sua geração”. No ano seguinte efetuou uma digressão nacional com o violinista Fernando Cabral. Em julho de 1918 terminou o curso do Conservatório com a classificação máxima, e a 13 de outubro, aos 21 anos, morreu na Pocariça, vítima da pandemia de gripe pneumónica. O músico projetava viajar nesse ano para Paris onde fora aceite na Schola Cantorum.
Do seu legado destacam-se os Prelúdios para Piano, Danças Portuguesas e Lieder, esta para canto, as peças de câmara e, como composição culminante da sua obra instrumental, o belo Noturno para orquestra.