A 9ª Mostra do Clube Tex Portugal acontecerá, em abril, mais uma vez em Anadia. Publicamos, na íntegra, uma entrevista cedida pela organização do Clube Tex a Fabio Civitelli, um dos desenhadores deste desenho animado.
Clube Tex (CT): Fabio Civitelli será protagonista de uma exposição do Clube Tex Portugal, na cidade de Anadia, em 2024. O que representa para si esse evento que contará com a sua sétima presença em Portugal?
Fabio Civitelli (FC): Cada nova mostra dedicada ao nosso TEX é uma belíssima oportunidade para celebrar a vitalidade editorial desse personagem incrível. Para nós, autores, é um belo momento de encontro com o público.
CT: O que convenceu Fabio Civitelli, autor de fama mundial, a aceitar um novo convite português?
FC: Eu tinha sido convidado no ano passado, mas infelizmente estava por demais ocupado com o volume de capa dura A Fonte da Juventude e tive que desistir, um tanto contrariado. Agora estou menos pressionado com os prazos e posso tirar alguns dias de folga no belo Portugal.
CT: Quais as suas expectativas em relação à 9ª Mostra do Clube Tex Portugal?
FC: A expectativa é a de rever muitos amigos portugueses que não vejo desde 2019, e reencontrar os leitores portugueses, que são por demais aficionados pelo Tex.
CT: A ampliar um pouco o horizonte da entrevista: o que o convenceu a entrar na indústria da banda desenhada?
FC: O amor pela leitura que me acompanha desde criança (leio Tex desde os 8 anos!) e a paixão pelo desenho levaram-me naturalmente a buscar entrar no mundo da banda desenhada. Também devo dizer que naquela época talvez fosse mais fácil trabalhar no sector, eu tentei com grande entusiasmo e logo consegui seguir em frente.
CT: O que sentiu ao receber o convite para desenhar Tex?
FC: Eu havia ingressado na Bonelli com a intenção de desenhar Mister No, que na época era o único título não western, porque eu não me sentia adequado para desenhar Tex. Mas a insistência de Sergio Bonelli e as páginas de teste que haviam agradado convenceram-me a aceitar. No início tive algumas dificuldades para entrar em sintonia com a personagem e inspirei-me principalmente em Giovanni Ticci. Depois, com o tempo, amadureci o meu próprio estilo pessoal e tornei-me cada vez mais aficionado por ela.
FC: Nestes quarenta anos desenhei histórias clássicas, vilarejos, na neve e também as histórias de Yama e Mefisto que me deram a possibilidade de experimentar soluções gráficas mais ousadas mas que receberam a aprovação do público.
CT: Como avalia seu trabalho de hoje em relação ao passado?
FC: O meu estilo evolui continuamente e cada história traz novos desafios. Ajuda muito a experiência, mas sobretudo a vontade de sempre aprender alguma coisa.
CT: Como se forma um desenhador do seu nível?
FC: O impulso principal é a paixão por este trabalho (e por Tex!) que nunca me abandonou e que me dá prazer em desenhar e faz-me superar certos inevitáveis momentos de cansaço.
CT: No que está a trabalhar atualmente?
FC: Antes mesmo de trabalhar no volume de capa dura e nas páginas do Tex Magazine (publicado em Itália em setembro de 2023), eu tinha começado uma história em duas partes escrita por Pasquale Ruju. É a primeira vez que trabalho com ele e senti-me bem de imediato, até porque a supervisão é sempre de Boselli e Giusfredi. O guião tem o foco num cowboy negro da vida real que, injustamente acusado de um crime, cruzará fatalmente o caminho de Tex e Carson. Será ambientada sobretudo no norte, em Idaho e no Canadá.
CT: O que Tex representa para si e qual a importância dele na sua vida?
FC: Antes de ser um trabalho, sempre representou uma paixão, primeiro como leitor e depois como autor. É um fiel companheiro da minha vida, que invejo muito porque consegue fazer coisas que eu jamais conseguiria!
CT: Para concluir, gostaria de deixar uma mensagem aos seus admiradores que se deslocarão a Anadia?
FC: Espero que os leitores portugueses apreciem o evento, e terei todo o gosto em encontrá-los e conversar com eles, mesmo que devam perdoar o meu português ainda fraco!
Tradução: Júlio Schneider