A Escola Profissional Vasconcellos Lebre, na Mealhada, conta este ano letivo com 315 alunos divididos em turmas em áreas bastante distintas. Falámos com Carlos Sousa, diretor da escola, sobre o ano letivo que está prestes a terminar e o próximo, que trará um Centro Tecnológico na área Digital como novidade.
Jornal de Anadia (JA) – Que balanço faz deste ano letivo que está agora a terminar?
Carlos Sousa (CS) – O balanço do ano letivo que está prestes a terminar é, como todos os outros, um desafio. Acolhemos um grupo significativo de alunos e todos os anos há, também, um grupo significativo de alunos que termina a sua formação e sai da escola com expectativa de prosseguir estudos ou ingressar no mercado de trabalho. Todos os indicadores que temos até então apontam para que este ano letivo não seja diferente dos anteriores. A formação em contexto de trabalho que está neste momento a acontecer está a correr muito bem. Os alunos sentem-se motivados e empenhados em concluir com sucesso o ano letivo. O balanço é claramente positivo.
JA – O que esperar do próximo ano letivo?
CS – Vamos ter novos cursos, na área Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade, na área dos audiovisuais e de operador de fotografia. Já vimos também aprovado o Centro Tecnológico na área Digital. Os cursos da área digital são cursos muito procurados pelo mercado de trabalho mas, felizmente, neste momento, o mercado de trabalho procura todos os cursos que temos. Felizmente não temos que procurar as empresas para fazermos a nossa formação em contexto de trabalho, têm sido as empresas a procurar-nos a nós e não temos é capacidade de resposta para toda a procura. A nossa escola está em processo de crescimento no número de alunos, nos últimos anos temos conseguido crescer uma turma de 10º ano.
JA – Que outras novidades podemos esperar para 2024/25?
CS – Vai ficar marcado, certamente, pela implementação do novo Centro Tecnológico (CT) na área Digital e este é um projeto distintivo. Representa um investimento superior a um milhão de euros em equipamento e seremos uma das duas escolas, na região CIM Coimbra, a ter este CT. Por isso todos os alunos da região que procurem um Centro Tecnológico na área Digital, a EPVL tem para oferecer. Foi um processo de muito trabalho e envolvimento de toda a estrutura da escola. É uma candidatura difícil de elaborar e também não conseguimos na primeira fase mas, com a experiência do processo, conseguimos.
CS – Sem dúvida alguma. Formar melhores pessoas é o principal passo para formarmos melhores profissionais. É uma questão que nos preocupa. Temos até, atualmente, um projeto piloto na escola, a que chamamos “Projeto Vida” para ajudar os alunos, quando chegam ao 10º ano, a definir o seu projeto de vida a médio prazo. Acreditamos que os alunos que tiverem o seu projeto de vida definido conseguem alcançar muito mais facilmente os seus objetivos. É o trabalho que temos em mãos e que temos estado a amadurecer. Está a ser testado entre os delegados e sub-delegados para que os alunos também possam dar o seu contributo para a sua melhoria, com o objetivo de implementarmos em toda a comunidade escolar no próximo ano letivo. Isto tudo acontece em simultâneo com o trabalho da nossa equipa de melhoria contínua que, semanalmente, analisa o que se passa na escola e junto com outros reportes que nos chegam, percebemos aquilo que podemos melhorar no processo de ensino e aprendizagem.
JA – O modelo de ensino mais convencional tem sido criticado e acusado de estar ultrapassado. Isto também se aplica ao ensino profissional?
CS – Acredito que os cursos científico-humanísticos, eventualmente, vão acompanhar os passos que o ensino profissional já está a dar. Hoje queremos que os alunos transformem o conhecimento em competências que lhes sejam úteis para a vida e o ensino profissional já está a dar este passo. O restante ensino ainda não está a dar este passo, ainda estão muito focados no conhecimento que o professor transmite, no que o aluno absorve ou memoriza, nas respostas dadas num teste e que, provavelmente, esquece no dia seguinte. É um modelo esgotado. O professor tem que ser mais aquele que acompanha o aluno na aquisição de conhecimento e competências e não tanto aquele que debita conhecimento. Os alunos hoje têm muitas ferramentas à disposição para ir à procura de conhecimento, eles precisam é de treinar como transformar esse conhecimento em competências que lhes permitam desenvolver um projeto de vida.
JA – Sente que o papel do professor tem vindo a ser desvalorizado?
CS – Na minha opinião, o papel do professor tem que ser dignificado e é um assunto que tem que voltar à agenda política. Se não tivermos os melhores nas escolas, nunca vamos ter os melhores profissionais. Inevitavelmente isso terá consequências. O professor já foi uma referência para a sociedade e temos que procurar este caminho novamente. No que diz respeito à EPVL orgulho-me do nosso corpo docente. Temos formação contínua e adequada às necessidades desta escola.
JA – O que representa, para si, ser diretor de uma escola como esta?
CS – Sinto-me muito feliz a fazer aquilo que faço. Sinto-me realizado a fazer este trabalho. Acredito que posso dar um pequeno contributo neste contexto a todos os alunos que por aqui vão passando, para transformar um bocadinho a sociedade. Eu acredito que possamos fazer alguma diferença. E, como eu acredito, todo o corpo docente e não docente também acreditam que contribuem para fazer alguma diferença na sociedade. Toda a equipa desta escola faz parte do sucesso.