Joana e Fernando Loureiro sabem como explicar 55 anos de um casamento de amor: com respeito, companheirismo e entreajuda. Joana, mais acelerada, apressa-se a dizer que atualmente o amor não é verdadeiro, que não é como o de antigamente. Que, apesar de sempre ter sido contra a violência e de nunca ter vivido situação semelhante, para dar certo tiveram que se adaptar um ao outro.
Conheceram-se num baile e foi amor à primeira vista. A pressa de começar família fez com que se casassem seis meses depois de se terem visto pela primeira vez. O primeiro pedido feito ao pai não foi aceite, mas o segundo sim e trocaram alianças a 07 de janeiro de 1968.
O copo de água foi feito em casa, para a família mais próxima, e com a ajuda de um cozinheiro da região. Alguma da loiça foi até, na altura, emprestada. Sinais dos tempos. No menu encontrava-se feijoada, leitão, canja e alguns doces tradicionais. Depois da boda o casal foi ao cinema.
“Gosto do Fernando como sempre gostei. Tivemos que nos adaptar um ao outro. Eu cuido e ajudo-o com todo o gosto. Sempre foi muito bom homem e bom pai. Fomos ao longo dos anos sempre aprendendo um com o outro”, diz-nos Joana.
Tantos anos já originaram, até agora, dois filhos e três netos e este casal não tem dúvidas: pode haver muitos amores, mas aquele que se tem pelos filhos não é comparável.
O casar para sempre está-lhes muito presente a Joana não tem dúvidas: “Se o Fernando partir primeiro do que eu mão quero mais homem nenhum, acho que até me sentia com vergonha. O respeito é o mais importante de tudo”.
É nas Vendas da Pedreira que residem, desde o dia em que decidiram dar o “Sim” em frente ao altar da Igreja. Vão, também, juntos para todo o lado, desde sempre. Para onde vai um, o outro acompanha. A meio da vida, França foi o destino do casal e lá deixaram muitas saudades. Frequentam o projeto Anadia Maior há dois anos e aqui encontraram uma boa desculpa para sair de casa.
Beijinhos e carinhos sempre existiram, tanto antes do casamento como depois. Hoje gostariam de aproveitar melhor a vida e de passear mais, mas a saúde não permite muitas saídas.
“O amor tudo move, mas não há rosas sem espinhos, por isso é sempre preciso ter paciência”, explica.
Fernando confessa que no início da relação tinha um pouco de ciúmes de Joana, mas agora o companheirismo é diferente.
O conselho é simples: “Portem-se bem um com o outro. Se for para andar sempre à turra mais vale não casar. E façam tudo o que puderem para serem felizes”, diz.
O Anadia Maior é um Contrato Local de Desenvolvimento Social, que promove o envelhecimento ativo, saudável e positivo no apoio à população idosa do concelho de Anadia, através de ações socioculturais, de voluntariado e de combate à solidão. Todas as atividades são gratuitas para as pessoas maiores de 60 anos da comunidade do concelho de Anadia, sem retaguarda institucional.
Falámos com José Duarte, técnico superior de Gerontologia do projeto, que nos explicou que o afeito e a relação sexual de ver mantido, respeitando as dificuldades físicas de cada um.
Sobre a possibilidade de surgirem novos casais na terceira idade, José explica-nos que acontece, mas que há famílias que não aceitam bem, No entanto acredita que já esteja melhor e que haja mais abertura nestes temas.