Um homem de 34 anos negou que tenha atropelado deliberadamente um irmão, de 21 anos, em maio de 2020, num acantonamento em Sangalhos, causando-lhe ferimentos muito graves, que levaram à amputação de ambas as pernas. Na investida seguinte, terá pretendido atingir também os pais, mas sem conseguir.
Na versão do Ministério Público (MP), o arguido teria reagido mal quando o pai ameaçou revelar o seu paradeiro caso não regressasse ao estabelecimento prisional onde cumpria pena de cadeia (na altura, gozava uma saída precária de 45 dias, que iria terminar dentro de duas semanas). Alertados pela discussão dentro de casa, dois irmãos, incluindo a vítima, ter-se-ão colocado à porta.
“Não há nenhuma verdade nisso”, afirmou o arguido, na terça-feira, logo no início do julgamento em que responde por três crimes de homicídio qualificado na forma tentada e um crime de ameaça agravada. “Foi tudo inventado. Se fosse para fugir, fugia na primeira precária, agora ao fim de cinco anos não tem lógica”, defendeu-se.
Por isso, colocou a viatura em marcha para sair do local e ir à GNR “explicar o que se passou” ou entregar-se mais cedo na cadeia. Nessa altura, os familiares (o pai, um irmão que não a vítima e outro homem), partiram o para brisas e o vidro do condutor, na tentativa de o bloquear: “Não queriam que eu fugisse? Eles queriam matar-me”, garantiu.
“Fiquei em pânico. Não sei se travei ou parei. Fiquei sem visão. É provável que tenha acelerado. Quando meto o pé ao travão, bati”, relatou o arguido sobre o momento do atropelamento do irmão, que terá acontecido sem se aperceber: “Não o tinha visto”.
A vítima ficou esmagada entre a viatura e um pilar da garagem da casa dos pais, que assistiram a tudo. “Não queria fazer-lhe mal, nunca tive problemas com ele”, assegurou.
Já na cadeia, o acusado terá feito telefonemas para a mulher do irmão envolvido na discussão (não a vítima), com ameaças de morte (“atear fogo à casa” e “passar por cima de todos de carro”), que também negou. “É tudo mentira”, disse.