Opinião pela CDU Anadia: Anadia, a febre de fazer novo e a doença de abandonar o velho

A joia da coroa de Anadia era, ainda há bem pouco tempo, o Parque Urbano. A Nova Anadia iria aí nascer, assim rezavam os cartazes, e imagens aéreas do parque, do lago e do repuxo abundavam.

Hoje o repuxo não funciona, ou funciona esporadicamente, a água começa a estagnar e a bordadura do lago, em pedra com quadrícula em fita preta está num estado constrangedor. Uma intervenção mínima, retirando as fitas e deixando apenas as pedras providenciando para que não resvalem para dentro do lago, poderia evitar o mau aspeto de quem olha o lago de longe, ou ao perto.

O local onde esteve instalado a escola preparatória apresenta um estado de abandono e degradação mesmo às portas da Cidade de Anadia, como reza a placa toponímica.

Em Arcos, o antigo edifício da SIS Sachs, continua esventrado, dando uma triste imagem do que foi uma empresa de referência na nossa terra. Embora seja um edifício privado, há mecanismos legais que permitem aos municípios “obrigar” os proprietários a mantê-los em bom estado de conservação e manutenção ou proceder à sua demolição. O mesmo se pode dizer do edifício onde funcionou outrora a Caves Lusitana

Os repuxos em frente ao Palácio da Justiça não funcionam, os videowalls na praça do município ou junto ao Mercado Municipal continuam de pé mas apagados, sem cumprirem a sua missão.

Entretanto continuam as obras de “embelezamento” do Monte Crasto. Uma obra que se iniciou em Julho de 2022, e como se pode ver na Memória descritiva da responsabilidade da CMA, previa um investimento de 709.995,86€ e demorar 8 meses a ser executada.

PUBComeçaram também agora as obras para a criação de uma residência universitária para alunos deslocados que frequentem as universidades de Coimbra ou Aveiro (situadas a mais de hora e meia de tempo/distância de Anadia – usando os transportes públicos e sujeitando-se aos seus horários).

Embora sempre tivesse achado a ideia algo desajustada, face às necessidades e interesses do concelho, ainda pensei que essa residência iria ser feita no espaço ocupado pelos restos do denominado “edifício novo”, construído nos anos 80, e que se encontra agora em vergonhosa ruína. Afinal trata-se da adaptação do edifício do antigo Colégio Nacional, e que foi Escola Secundária de Anadia, até ao seu encerramento em 2015. Segundo a informação afixada uma obra para adaptação de edifício para alojamento para o ensino superior com um investimento de 1.828.680.00 €, empreitada que “terá de estar concluída no final de 2023” (página do município, 16/09/2022).

Um edifício ainda em bom estado de conservação e que mais me parecia o local ideal para o funcionamento da Escola (Municipal) de Artes (Performativas) de Anadia, promessas eleitorais do MIAP em 2017 e 2021. Aí funcionou recentemente a GNR, enquanto decorriam obras de renovação do seu quartel, bem como o Centro de Saúde, a propósito da Reestruturação e Reabilitação do Centro de Saúde de Anadia, provando o que sempre comentei. Que não era preciso entregar à Parque Escolar (pessoa coletiva de direito público de natureza empresarial, dotada de autonomia administrativa e financeira e de património próprio) a construção de um edifício de raiz noutro local da cidade, com os enormes encargos associados ao posterior “arrendamento” desse imóvel. A manutenção do edifício mais antigo, a demolição dos edifícios (mal) construídos nos anos 80, e em estado de absoluta degradação, e a construção de um edifício mais adaptado às novas necessidade dos currículos escolares, seria, certamente, bem mais fácil e menos oneroso.

Mas isso é passado. Presente são as novas obras de fachada lado a lado com a degradação e ruina.

 

Fátima Flores, militante do PEV, eleita na Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Arcos e Mogofores

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