É do senso comum o valor inestimável da participação e do papel que a população em geral tem na ação política desenvolvida pelas autoridades locas.
O poder local deve ter como objeto o desenvolvimento de processos e modelos que possibilitem, e mesmo estimulem a participação dos cidadãos na tomada de decisões coletivas.
É frequente ouvirem-se críticas de que os candidatos às eleições autárquicas apenas contactam os cidadãos quando, em período pré eleitoral, apelam ao seu voto, apresentando propostas e mais propostas que muitas vezes não correspondem às verdadeiras necessidades da população.
É frequente ouvirem-se críticas às tomadas de decisão ou à inoperância e laxismo dos que nos governam.
Anadia não é exceção.
A frequência das assembleias municipais ou de freguesia pela população em geral é mínima ou mesmo inexistente. Horários desadequados, falta de informação ou falta de interesse?
Uma crescente utilização das redes sociais pelo poder autárquico mostra que, mesmo quando no facebook se vai comunicando algumas tomadas de decisão, a interatividade não é possibilitada e as opiniões dos munícipes são liminarmente impedidas ou apagadas, algumas porque não interessam aos que tomam decisões, outras por serem de gosto e duvidoso e desajustadas à realidade.
Um círculo vicioso que os eleitos da CDU tentaram romper, força política que tem primado pela transparência e valorizado a participação das pessoas na identificação de problemas e na construção de soluções.
Na página de facebook Anadia por outra via pediu-se a colaboração dos munícipes para, na própria página, ou em privado através de um email específico, apresentarem as suas preocupações e sugestões a serem aduzidas nas assembleias municipal ou de freguesia onde esta força política tem assento. Seria de esperar que, no mínimo, fossem corroborados os problemas que tantas vezes compõem o descontentamento expressado publicamente.
Após elencar aquilo que, na opinião dos eleitos da CDU, são algumas das necessidades do município, esperava-se que os munícipes fizessem chegar propostas, críticas e sugestões, participação cívica própria de qualquer cidadão que se assuma interventivo, e que não deve ser confundida com populismo, que vive do abandono das responsabilidades.
Tal não aconteceu, pese embora o nível de visualizações atingido.
Fica na dúvida se não há vontade de intervenção política, vontade de ajudar a CDU na sua missão de lutar pela satisfação das necessidades e interesses da população ou, em última análise, que tudo está bem e não há nada a assinalar para melhorar a vida dos Anadienses.
Esperemos, para bem de todos, que seja esta última hipótese o motivo para a falta de participação. Isso ou porque se sentem devidamente representados por quem delegaram a legitimidade de falarem em seu nome.
É que quando o poder local se afasta da sociedade e dos cidadãos, pode ser mais forte enquanto poder, mas é certamente mais fraco enquanto local.
Fátima Flores, militante do PEV, eleita na Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Arcos e Mogofores
Rui Bastos, militante do PCP, eleito na Assembleia Municipal de Anadia