Opinião pela CDU Anadia: Propostas não aceites

Há dias, durante a época quente dos debates e comentários televisivos sobre a situação política nacional, ouvi um eleito por um partido em meteórica ascensão virar-se para um colega de painel e arrogantemente dizer: O senhor cale-se e reduza-se à insignificância da pouco mais de meia dúzia de deputados que o seu partido conseguiu eleger.

E pensei: mas a capacidade de apresentar ideias e sugestões, a justeza das propostas, o direito à intervenção política está diretamente relacionada com o número de eleitos e do barulho social que se consegue fazer em cada momento?

Mas, realmente, e analisando bem a realidade em que vivo, talvez o senhor tivesse razão.

Única eleita para a assembleia de Freguesia de Arcos e Mogofores, a mais de meio mandato, não vi concretizada nenhuma das propostas que apresentei.

Coisas tão comezinhas como a criação de rampas junto a passadeiras de peões, em zonas que identifiquei, para facilitar a circulação de pessoas com mobilidade reduzida, a colocação de sinalização vertical adequada indicadora de prioridades junto ao Palácio da Justiça, a colocação ou reposição de algumas placas toponímicas em falta nas ruas da cidade, até outras que mereciam um estudo mais aprofundado, como a falta de passeios e problemas de circulação nas ruas das Cavadas e do Cabo (Arcos), ou nas ruas Nossa Senhora Auxiliadora e S. João Bosco (Mogofores) e uma intervenção no cemitério do Monte Crasto. Nada teve resposta.

E finalmente a eterna proposta da CDU de se fazer algo para preservar o nome do Mestre José Iglésias, uma figura de incontestável valor cultural e humanitário que a breve trecho será injustamente votada ao esquecimento. Descartada a possibilidade de ser dado o seu nome ao Cineteatro, ou à sala de espetáculos, foi apresentada (e aprovada por unanimidade na Assembleia de Freguesia) uma proposta para atribuir o seu nome a uma das ruas que levam até ao Montouro.

A resposta lacónica que o executivo municipal deu à Junta de Freguesia e que me foi transmitida, apresentou como obstáculo (não acautelado pelos proponentes???) o pagamento de mudança de morada para 3 ou 4 moradores e do Agrupamento de Escolas. Problema que, a existir, seria facilmente resolvido com uma ligeira alteração da proposta para abarcar apenas uma parte do percurso sem qualquer edificado. Conversando, tudo se resolveria.

Até porque, entretanto, e talvez pela dimensão política do movimento a que pertencem os proponentes, foi atribuído (e bem) em Sangalhos, e com cerimónia onde esteve presente a autarquia, o nome de uma rua a um benemérito sangalhense.

Entristece-me que 50 anos após o 25 de Abril, e numa democracia que devia estar consolidada e madura, ainda haja entre as políticas e as propostas apresentadas “umas mais iguais que outras”.

 

Fátima Flores, eleita pela União de Freguesias de Arcos e Mogofores

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