Dietas líquidas, sumos de fruta e/ou vegetais com cores chamativas, passando pela exclusão de alimentos de origem animal e por períodos de jejum, vale tudo para “desintoxicar” o organismo, especialmente após um período de asneiras a nível alimentar!
Aqueles que promovem este tipo de dietas, argumentam que o processo “detox” será uma fase e que, no final desse período, será tudo perfeito, vendendo uma fórmula rápida e eficaz de atingir objetivos específicos e remediar as asneiras alimentares cometidas… mas será este processo assim tão linear?
Ao realizar uma pesquisa rápida com o termo “detox” no motor de pesquisa Google encontram-se perto de quinhentos milhões de resultados (490 000 000). Restringindo esta pesquisa para “dieta detox” obtém-se um resultado de mais de trinta milhões de publicações (33 300 000), desde livros a websites com receitas e programas, gratuitos e pagos, que promovem este tipo de “dieta”. Porém, quando se realiza a mesma pesquisa na Pubmed (base de dados da National Library of Medicine dos Estados Unidos, especializada em literatura biomédica), com o termo “detox diet” encontram-se apenas 24 resultados, demonstrando que se trata de uma temática ainda pouco explorada no mundo das ciências da nutrição e da saúde e, consequentemente, com pouca evidência científica.
Sendo que o conceito “detox” não está bem definido, existe uma grande variedade de dietas associadas, dietas estas que não seguem um padrão consensual entre si, tornando difícil o estudo dos seus efeitos. Por esta razão, também não existe muita evidência que sustente os riscos e os benefícios a curto e a longo prazo.
A grande maioria dos programas “detox”, possuem um baixo valor calórico, apresentam restrições em macronutrientes e não seguem as recomendações preconizadas para uma perda de peso saudável, podendo levar a défices nutricionais e desregulações hormonais, tornando difícil a manutenção do peso a longo prazo. Além disso, a perda de peso verificada, deve-se essencialmente à restrição calórica, e pode resultar não necessariamente da perda de massa gorda, mas também da diminuição de glicogénio, perda de água corporal, eliminação fecal e eventualmente massa muscular.
As “dietas detox” são promovidas como imprescindíveis para a eliminação de substâncias tóxicas, contudo, não dá jeito referir que o nosso organismo tem a capacidade de se “desintoxicar”. Através de órgãos altamente especializados, como fígado, rins, pulmões, pele e sistema gastrointestinal, o organismo consegue eliminar substâncias tóxicas, sendo estas excretadas na urina, fezes e suor.
Existem estratégias mais ponderadas e com um menor risco para a saúde que permitem alcançar os resultados que as “dietas detox” alegam! Os princípios da roda dos alimentos, por si só, já promovem o consumo de alimentos com uma potencial ação “detox”. A prática regular de exercício físico proporciona o aumento de um dos antioxidantes mais importantes, a glutationa, auxiliando o processo de desintoxicação. Neste sentido, podemos concluir que hábitos alimentares equilibrados, aliados a um estilo de vida saudável se podem traduzido num “estilo de vida detox”. Por esta razão, ao invés de iniciar uma “dieta detox”, inicie um “estilo de vida detox”!
Eis as dicas da Nutricionista para um “estilo de vida detox”:
- Beber muita água e/ou chás sem adição de açúcar.
- Iniciar as refeições principais com sopa e colocar legumes e/ou salada no prato.
- Utilizar fruta como sobremesa das refeições principais e/ou snack ao longo do dia.
- Utilizar especiarias e ervas aromáticas em detrimento do sal.
- Retirar as gorduras visíveis da carne antes da sua confeção.
- Evitar alimentos processados (lista de ingredientes extensa)
- Reduzir o consumo de álcool.
- Evitar hábitos tabágicos.
- Praticar exercício ao ar livre e em zonas verdes.
- Estabelecer uma rotina de sono (dormir 8 horas por dia).
- Procurar ajuda de um Nutricionista.
- Seguir as dicas acima descritas, todos os dias!
Dra. Margarida Miranda
Nutricionista (4853N)
Sanclinic – Sangalhos