Em 2011, o Concelho de Anadia tinha 29.150 residentes, em 2021 tinha menos 1.608, ou seja, -5,5%. Em 2020, a taxa de natalidade era de 5,7‰, muito abaixo da zona geográfica onde nos inserimos. A taxa de mortalidade é a mais expressiva no contexto regional e nacional, com um valor de 14,3‰. Assim, a perspetiva até 2031, é a de uma acentuada diminuição da população anadiense, traduzida por uma perda total de 4.455 residentes face à população de 2011. Esta evolução será um importante desafio, não só para a Autarquia, mas também para a sociedade civil; quer na adequação dos serviços e infraestruturas, quer no modo de enfrentar os problemas da exclusão, do isolamento social ou das soluções mais adequadas a um efetivo envelhecimento ativo.
Ao analisarmos a correspondência dos idosos com os jovens, verificamos que há 243 idosos por cada 100 jovens, quando em 2011 havia 181 idosos por cada 100 jovens, ou seja, nos mesmos 6 anos houve um aumento de 62 idosos por cada 100 jovens e já na década anterior tinha havido um aumento de 50 idosos por cada 100 jovens.
Valorizamos o extraordinário esforço desenvolvido pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho (IPSS). Na verdade, não regateiam esforços e dedicação, nem faltam aos seus (nossos) idosos com os seus serviços de apoio, humanismo e elevação; satisfazendo desse modo as suas necessidades mais básicas, quer haja pandemia, guerra ou qualquer outra anormalidade.
As mais de setecentas e setenta pessoas que aguardam para estarem abrangidas pelos seus apoios, em situação extremamente difícil, causam constrangimentos de vária ordem, tanto a eles próprios como às suas famílias que, como necessitam de trabalhar, desesperam por não poder apoiar condignamente os seus entes queridos e que se debatem diariamente com a ausência de satisfação das mais prementes necessidades do concelho nesta área, tais como: – Inexistência de respostas para pessoas idosas com demência ou outras patologias incapacitantes;
- Insuficiência da resposta social Estrutura Residencial para Idosos (ERPI);
- Envelhecimento com solidão, isolamento social e ausência de respostas na área da saúde mental;
- Insuficiência económica, devido a pensões com valores muito baixos;
- Apoio insuficiente para os cuidadores informais de pessoas idosas;
- Consumos aditivos (alcoolismo/entre outros);
- Famílias com baixos recursos económicos e escassez ao nível da habitação social, ou outra; – Violência Doméstica.
Por outro lado, segundo o INE, o Concelho de Anadia apresenta um nível de instrução abaixo da média regional e nacional, devendo este ser um aspeto a ter em conta na estratégia de atuação do Município em termos educativos.
Ora, as taxas de ocupação dos estabelecimentos de educação e ensino que integram a rede escolar pública do concelho foi no ano letivo 2019-2020 de 59%, refletindo uma tendência de subaproveitamento das instalações.
Em Anadia, o desemprego sobe, em contra-ciclo com o distrito e com o país, atingindo em Novembro de 2022, o valor de 14,03% em relação ao mês anterior e 19,52% relativamente a Novembro de 2021.
Estes são apenas alguns exemplos de dados estatísticos, que refletem bem a situação atual do nosso município e por isso, é legítimo perguntar: O que fizeram de Anadia? Quem nos trouxe até aqui?
Este estado atual a que chegámos, é o resultado das políticas implementadas nos últimos quarenta anos, em que tivemos sempre intérpretes da mesma ideia e filosofia governativa, sempre com as mesmas vestes e roupagens. Não há outra causa nem atenuantes. Os responsáveis estão bem identificados.
A inversão desta política concelhia só será viável, com uma resposta qualitativamente adequada, a cada um destes e outros desafios; ouvindo, agindo e servindo a nossa população.
Existe alternativa! Porque não se lhe dá a oportunidade? Por conservadorismo? Olhemos em frente!
PS Anadia