Acompanhámos durante esta semana as vindimas da casta baga, na Quinta das Bágeiras, e foi na companhia de Mário Sérgio Nuno, produtor, que percebemos o andamento das vindimas de 2022 e o que podemos esperar destas uvas que ainda estão na terra.
“Não consigo dizer se a chuva de setembro foi boa ou não. Só no fim, depois do produto terminado, é que conseguimos ter uma conclusão. Algumas vinhas novas estavam a sofrer com a seca mas a região Bairrada é a que menos sofre com a falta de água”, explica-nos Mário Sérgio.
“Não consigo saber se o que choveu para trás teve muita influência negativa. Mas sei que agora não pode, ou não deve, chover mais. Pode seriamente colocar em causa todo o trabalho já feito. A região ainda tem vinhas para vindimar. Neste momento estamos a vindimar para rosé, Mas vamos arriscar mais uma a duas semanas e deixar as uvas nas videiras mais um pouco. Se correr mal e chover, todo o investimento e trabalho feito vai, literalmente, por água abaixo”, explica-nos.
Se o tempo ajudar e conseguir ter as uvas mais tempo a amadurecer, a expectativa é que saia daqui um grande vinho tinto. Se o clima não colaborar, teremos que tomar outra decisão. A casta baga também transmite aos produtores outra tranquilidade, pela versatilidade que tem. Ora sai um vinho tinto, ora um espumante rosé.
“No panorama geral e nacional, pelas condições climatéricas que o país teve, acho que este ano a Bairrada é a região que mais condições teve para fazer bons vinhos”, diz-nos.
A falta de mão de obra não se fez sentir nas Bágeiras porque, segundo Mário Sérgio, muitas das pessoas que andam na vinha agora já o fazem há muitos anos e ainda conseguiu captar alguns jovens. O produtor acha que há muitos contratempos do Estado para estes trabalhos sazonais e pontuais e que a burocracia dificulta a captar novas pessoas.