“Uma das nossas preocupações é o afeto”

Criar uma escola que gostaria de ter encontrado para o seu primeiro filho foi o mote que levou Manuela Vicetro, carinhosamente tratada por Tia Mané, a abrir o Colégio da Curia em 1996. Uma resposta na área da educação diferente e que se foca nos afetos.

Têm por hábito definir um tema que acompanha todo o plano de atividades do ano letivo e não celebram todas as datas comemorativas, mas o Dia dos Namorados merece atenção especial. Além de marcar as datas procuram sempre perceber porque existem e a história que as acompanha. O Dia de São Valentim não é exceção.

Este ano, à semelhança de outros anos, irão para a rua distribuir abraços, procurar sorrisos e distribuir felicidade, tudo o que se encontra na inocência de uma criança.

E as crianças, têm namorados? “Têm amigos especiais”, explica-nos a mentora do projeto.

“Uma das preocupações do nosso projeto pedagógico é os afetos. Emoções boas geram sentimentos bons e, por sua vez, geram afetos bons, estes últimos que implicam sempre uma interação com o outro, seja ele um colega, um familiar ou um educador”, diz-nos.

O Colégio da Curia é um dos membros distinguidos pelo “Movimento Escola dos Afetos”, movimento este que parte do pressuposto que “uma escola de afetos é uma escola de sucesso”. Este pretende desenvolver uma cultura de afetos, tendo em vista a humanização e o desenvolvimento do sentimento de pertença nas relações da comunidade escolar, baseado no exercício da cidadania.

“Para nós pertencer a este Movimento não é só a bandeira à porta, é a nossa forma de estar e trabalhar. Em tudo o que fazemos temos sempre a preocupação de desenvolver os valores da convivência, do respeito e da tolerância”, explica-nos.

Falar do Dia dos Namorados em idades tão tenras não é de todos descabido porque o amor, o que está na génese desta data, não só se encontra entre colegas de sala mas também de educadoras para educandos: “Os nossos meninos para nós são como filhos, somos sem dúvida uma família”, diz-nos a Tia Mané com um brilho no olhar.

Mas, se nos primeiros anos de vida, o amor de pais para filhos tem uma roupagem mais pura, nos mais crescidos a perceção é diferente e a tendência para imitar os pais é uma inevitabilidade. “Além de amigos especiais que têm na escola, já têm uma boa consciência familiar e conhecem as dinâmicas do pai e da mãe enquanto namorados. Sabem qual é o papel da mãe e do pai e transportam isso para a sua vida na escola”, explica-nos.

O tema deste ano letivo no Colégio da Curia é a interculturalidade, em que vão brincando e aprendendo sobre as várias culturas do mundo, fazendo atividades que os façam viajar por vários pontos do planeta.

Aqui há padrinhos e afilhados: as crianças mais velhas têm um colega mais novo pelo qual têm a “responsabilidade” de ajudar, guiar e acompanhar. É uma forma de aprender a entreajuda como uma forma de estar na vida. Acreditam que esta forma de estar acaba por se transpor para a vida “lá fora” e que serão ensinamentos importantes para o futuro em comunidade.

Manuela Vicetro confessa-nos que trabalha com o mesmo gosto e vontade desde o primeiro dia, mas rápido se apressa a corrigir: “Isto não é um trabalho, é uma forma de vida”.

“Tenho necessidade de despertar sorrisos nos outros e sempre quis fazer qualquer coisa que me possibilitasse formar pessoas. Esta era a escola que eu gostaria de ter encontrado para o meu primeiro filho”, afirma.

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