Por mais que gostemos de nos ver como seres únicos, autónomos e capazes de criar o nosso próprio futuro, a verdade é que a nossa identidade é, em grande parte, forjada pelas mãos daqueles que nos educam. Os nossos pais, ou as figuras parentais que assumem esse papel, são peças fundamentais na construção daquilo que nos tornamos: não são apenas responsáveis por proverem o necessário para a nossa sobrevivência física como também talham o nosso caráter, as nossas crenças e a forma como encaramos o mundo. Efetivamente, desde cedo, a criança aprende pelo exemplo: mesmo antes de entender a linguagem complexa dos adultos, já observa e imita comportamentos. As palavras podem ensinar, mas são as ações dos pais que verdadeiramente educam.
Naturalmente não somos cópias exatas dos nossos pais. O contexto social e as experiências de vida têm também um papel inegável na construção da nossa personalidade e, consequentemente, em quem somos. No entanto, seria ingénuo desvalorizar o impacto que a educação tem sobre o nosso comportamento e a nossa forma de pensar. O afeto (ou a falta dele), o apoio emocional, as críticas constantes e a aceitação são forças invisíveis que impactam a nossa autoestima, a confiança nas nossas capacidades e até a forma como nos relacionamos com os outros. Porém, muitas vezes somos inconscientes ou, pelo menos, não somos inteiramente cientes do peso que as ações têm na formação e educação das crianças. Assim o expressa o provérbio: “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”; mas as crianças, que não se deixam enganar tão facilmente quanto parece, absorvem tudo, o que significa que se os comportamentos dos pais tendem a ser reproduzidos pelos filhos.
– por Carlos Vinhal Silva