“Avelãs de Caminho é terra de boa gente”

Avelãs de Caminho é a primeira freguesia que aprofundamos quando estamos a cerca de um ano das próximas eleições para os órgãos das autarquias locais. Lúcia Jesus, presidente da Junta, faz-nos um balanço destes três anos e o que perspetiva para o último ano deste que é o seu segundo mandato.

 

Jornal de Anadia (JA) – Que balanço faz do seu mandato, agora que entramos na reta final?

Lúcia Jesus (LJ) – Apesar da conjuntura nacional/internacional e as dificuldades que todos sentimos, considero que o balanço é positivo, na medida em que temos conseguido concretizar o que nos propusemos, pese embora com a necessidade de adaptar projetos ou prazos.

 

JA – Qual o maior problema com que essa freguesia se debate?

LJ – O maior problema é, como sempre foi, o parco orçamento disponível para trabalhar, nomeadamente fazer obra, e a enorme falta de mão-de-obra, que nos últimos anos tem sido gritante. À parte disso, temos sentido, e pensamos que seja geral, o crescimento nos últimos anos das múltiplas dificuldades impostas pelo aumento da burocracia e complexidade de leis e normativos. Não deixa de ser irónico que a evolução dos tempos e das tecnologias nos tenham trazido, em simultâneo, sistemas cada vez mais burocráticos e regras cada vez mais complicadas e exigentes, o que obriga a mais tempo, formação e dedicação para cumprir requisitos, sem que se esteja propriamente a concretizar, realizar, cumprir objetivos ou ainda, a ser produtivo. A complexidade da gestão de uma freguesia tem aumentado de ano para ano, o que não se traduz em eficácia.

 

JA – A população da freguesia está envelhecida?

LJ – Não podemos dizer que a população esteja envelhecida, na medida em que temos assistido sistematicamente a um aumento dos residentes jovens adultos. Não significa no entanto que existam mais pessoas recenseadas ou registadas em Avelãs de Caminho, o que é fruto do paradigma a que temos assistido um pouco por todo o país. Há no entanto poucos nascimentos, nomeadamente de nacionalidade portuguesa, o que é preocupante e, pensamos, deveria merecer maior atenção do governo central.

 

JA – Que perspetivas tem para o futuro da freguesia?

LJ -Avelãs de Caminho tem crescido, quer a nível populacional quer a nível residencial e industrial, e consideramos que é de um enorme potencial para o município, dada a sua localização estratégica a norte e junto a uma das principais vias nacionais. Com o devido e necessário apoio, poderá desenvolver-se e vir a ser um polo importante, em termos populacionais e, principalmente, em termos económicos. Avelãs de Caminho é a porta de entrada norte no concelho e reúne todas as condições necessárias para crescer em termos económicos.

 

JA – Uma das grandes problemáticas ao nível nacional tem sido a crescente vinda de migrantes. Acontece em Avelãs de Caminho? De que forma tentam ajudar na sua integração?

LJ – Também pela sua localização, Avelãs de Caminho tem registado um crescente aumento de migrantes, havendo um número considerável que já se estabeleceu na Freguesia, trazendo também a família. Sendo a freguesia mais a norte do concelho, recebe também migrantes que procuram trabalho em Águeda e outros que estão apenas de passagem, enquanto se organizam e procuram trabalho. Assistimos quase diariamente a esta movimentação que nos preocupa, não só pela dimensão humana, mas também pela questão legal e sociocultural. Temos procurado ajudar e orientar todos os que nos procuram, apoiando diretamente os que aqui estabelecem residência fixa, quer com recolha de donativos vários quer ao nível documental, ou mesmo, servindo de ponte com a Ação Social. Esta é uma problemática que necessita urgentemente de ser analisada e intervencionada, sendo necessário criar regras e infraestruturas de apoio e acompanhamento, cuja ação está fora do alcance de pequenas juntas de freguesia.

JA – Como é a relação da Junta de Freguesia com a autarquia?

LJ – Da nossa parte procuramos manter uma relação estreita com o Município. Não somos nem nunca considerámos ser ‘oposição’, pois a nossa candidatura circunscreve-se apenas à Freguesia e são os interesses da Freguesia que nos movem. Temos procurado e obtido apoio do Município, não só no cumprimento do previsto legalmente mas também na defesa dos interesses da população Avelanense, que é também Anadiense. Partilhamos os mesmos valores de justiça, equidade, solidariedade e democracia, que são e devem ser o pilar da gestão autárquica.

 

JA – O que está cumprido e o que ainda lhe falta fazer até ao final do mandato?

LJ – No que toca a obras, a pedra basilar deste mandato foi a aquisição de um terreno junto ao Parque Claudino Pinto, onde pretendemos criar infraestruturas muito necessárias para aquele espaço edílico. É uma obra complexa e dispendiosa, que esperamos que arranque brevemente e que será para concluir no próximo ano. Também se encontra em fase de projeto a requalificação do Largo Sto. António, dando assim o Município por concluídos os trabalhos que levou a cabo na rede de águas, o que muito dignificará este espaço central da freguesia, muito frequentado diariamente quer pelos Anadienses, quer por pessoas de passagem na Nacional Um.

 

JA – Que diferenças vê entre a Junta que encontrou em 2017 e agora em 2024?

LJ – Acima de tudo há que evidenciar o aumento orçamental, o que nos tem permitido fazer obra e contratar mão-de-obra. As pequenas Juntas de Freguesia, nomeadamente a da Avelãs de Caminho, têm total dependência do financiamento externo, dadas as quase inexistentes receitas próprias. Durante anos, as verbas transferidas foram irrisórias, não tendo havido ajustes à realidade económica no país, nem mesmo tendo em conta a inflação. Essa tendência tem-se invertido, tendo-se vindo a registar um aumento razoável desde 2017, quer nas verbas transferidas pelo Governo central quer pelo Município. Ainda que não nos permitam abraçar grandes obras, o aumento orçamental contribuiu para uma melhor gestão da freguesia e dos seus recursos e fazer alguma obra, ainda que faseadamente ou com o apoio do município.

 

JA – E quanto ao apoio ao associativismo? Avelãs de Caminho é dinâmica em relação às atividades das associações? Qual o papel da Junta de Freguesia?

LJ – Avelãs de Caminho tem uma forte atividade associativa com várias vertentes – social, cultural e desportiva – cujo Executivo acompanha de perto, quer participando e divulgando as suas atividades, quer apoiando com equipamentos e bens, pedidos de licenças, etc. Existe ainda um apoio financeiro regular anual, para ajuda na concretização do plano de atividades, que é igualmente atribuído aos Bombeiros de Anadia, não ficando de parte algum pedido pontual que tenha finalidade meritória. O Executivo promove ainda ao longo do ano, várias atividades ou iniciativas onde integra as associações, permitindo-lhes angariar fundos para as suas missões. Consideramos o associativismo uma peça fundamental para a freguesia e para a vida em comunidade, sendo o trabalho desenvolvido de suma importância no seu dia-a-dia e para o fortalecimento de laços e enriquecimento da sociedade.

 

JA – Porque decidiu ser candidata por um movimento independente?

LJ – O movimento independente surgiu em 2017, fruto de um grupo de pessoas preocupadas com o cenário político local e principalmente com o futuro. Inicialmente não tinha qualquer expectativa de abraçar este desafio, até pelo distanciamento que sempre tive da vida política, mas acolhi com amizade a proposta pois este é um projeto diferente, mais humano e mais autêntico e, acima de tudo, apolítico. Tal como me desafiaram, procurei e procuro marcar a diferença, estar mais próximo das pessoas e trabalhar Pela Nossa Terra.

 

JA – A recandidatura está em cima da mesa?

LJ – Não tenho por hábito tomar decisões precocemente ou sequer pensar muito no futuro. É para já um assunto que não está na mesa e como é um movimento independente que encabeço, não deverá estar tão cedo. A seu tempo, ouvirei as pessoas que formam este grupo, que são mais de meia centena e, juntos, analisaremos.

 

JA – Que mensagem quer enviar à população da sua freguesia?

LJ – Avelãs de Caminho é terra de boa gente, de pessoas unidas, de tradições, de união – é este o mote que nos move e o que quero para esta terra que me acolheu há tantos anos. Procuro cooperar com as pessoas e também espero que cooperem comigo, nesta tarefa nem sempre fácil de gerir a Freguesia. Sou pessoa de diálogo e é pelo diálogo que procuro resolver as questões do dia-a-dia. Podem contar comigo, como acho que bem sabem, para defender os interesses dos Avelanenses.

SUBSCREVA JÁ

NEWSLETTER

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Aceito Ler mais