Incêndios: Empresas florestais contra paragem forçada, Anadia integrou protesto

Representantes de empresas de gestão florestal de todo o país, entre elas de Anadia, concentraram-se ontem, dia 21, em Arouca, num protesto contra a paragem “forçada, sem apoios e desproporcional” imposta à sua atividade por “erros do Governo” na situação de contingência.

A manifestação decorreu junto às instalações da empresa Forestcorte e, às 10h, reunia nessa unidade do distrito de Aveiro empresários, trabalhadores e equipamento de grande porte de várias empresas do setor, de localidades como Oliveira de Azeméis, Vale de Cambra, Anadia, Águeda, Coimbra, Ferreira do Zêzere, Viseu, Leiria e Torres Vedras.

“Devido às medidas de contingência definidas pela proteção civil, as empresas de gestão florestal foram forçadas a parar e estão sem trabalhar desde a semana passada, com a agravante de que, enquanto outros ramos de atividade ficam em ‘lay-off’ quando são obrigados a suspender o trabalho, no nosso caso não há apoios nenhuns e continuamos a pagar salários e a assumir por inteiro os mesmos encargos de sempre”, afirmou Sara Bastos, gerente da firma “Madeiras Vale do Rio” e porta-voz do grupo que já solicitou uma audiência ao ministro da Administração Interna e a viu “recusada”.

Para essa responsável, as restrições que o Governo definiu para as empresas madeireiras demonstram “desconhecimento da realidade” e refletem “falta de preocupação” com o setor, já que permitem situações como a de um alerta vermelho do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ser suficiente para obrigar à suspensão da atividade laboral “sem qualquer consideração por outros aspetos que também têm influência” numa avaliação do contexto de risco.

“Ainda esta semana houve um dia em que choveu, mas, como basta o IPMA definir uma zona vermelha por causa da temperatura elevada e da humidade relativa para termos que parar o trabalho, ficámos sem fazer nada toda a manhã quando a mata até estava molhada”, explicou.

Soluções legais “mais razoáveis” seriam, por exemplo, janelas horárias que “permitissem às empresas trabalhar só das 06:00 às 13:00” ou a obrigação de as equipas de corte de árvores “incluírem um sapador florestal nos dias mais quentes”.

O presidente da Associação de Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMPP), Vítor Poças, também participou no protesto e disse à Lusa que “nem era preciso tanto, porque a verdade é que não há qualquer evidência prática ou científica de que as máquinas usadas pelas empresas de gestão florestal tenham sido responsáveis pelos incêndios dos últimos anos”.

Para esse responsável, a imposição de paragem laboral às firmas do setor é “um erro técnico e político” que o Governo já cometeu há dois anos, ao publicar o Decreto-Lei 82/2021, e que “repetiu esta terça-feira”, com o Decreto-Lei 49/2022.

O Governo decidiu declarar a situação de contingência entre os dias 11 e 15, decidindo depois renová-la até ao dia 17, o que permitiu que a Proteção Civil tenha mobilizado “todos os meios de que o país dispõe” para combater os incêndios.

Na semana passada, o país enfrentou temperaturas elevadas e o dia mais quente foi no dia 13, em que quase todos os distritos estiveram sob aviso vermelho, o mais grave emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

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