Petição pela Segurança Rodoviária em Anadia ganha apoio e enfrenta resistências

Com o objetivo de tornar as estradas do concelho de Anadia mais seguras e promover uma mobilidade sustentável, João Martins lançou, a 23 de novembro de 2024, a “Petição para Estradas Seguras e Mobilidade Sustentável em Anadia”, dirigida à presidente da Câmara Municipal, Teresa Cardoso.

A segurança rodoviária em Anadia tem sido um tema de crescente preocupação entre os residentes, especialmente para ciclistas, peões e outros utentes vulneráveis. Na opinião de João Martins, poderá haver muito por fazer no que diz respeito à segurança rodoviária no concelho, especialmente dado o perigo constante enfrentado por quem circula a pé ou de bicicleta, numa cidade, segundo o próprio, que se promove como destino para o ciclismo, mas que ainda não oferece condições seguras para tal.

Desde o início, a petição enfrentou desafios, incluindo um ataque informático que levou à mudança da plataforma iPetitions para o Change.org. Ainda assim, a mobilização continua a crescer, contando já com 292 assinaturas físicas e mais de 2.100 visualizações na nova plataforma, além de diversas partilhas e manifestações de apoio.

A iniciativa tem sido apoiada por diversos setores, como o comércio local, lojas/oficinas de bicicletas e indivíduos de várias áreas, incluindo professores, advogados e cidadãos comuns, que se encontram preocupados com a situação. A nível institucional, o próprio Presidente da República demonstrou apoio, encaminhando as propostas da petição à Câmara Municipal. Organizações como a Climáximo e a NaBicicleta também se juntaram à causa e os promotores continuam a procurar mais apoios formais.

O problema central apontado pela petição é a contradição entre a imagem de Anadia como uma cidade amiga do ciclismo e a realidade das suas infraestruturas. Os acessos ao velódromo, principal símbolo da modalidade na região, não possuem ciclovias nem vias partilhadas, forçando os ciclistas a dividir a estrada com veículos motorizados.

Os passeios, por vezes pintados de vermelho numa aparente tentativa de simular ciclovias, são estreitos, irregulares e frequentemente ocupados por estacionamento indevido. Segundo os promotores da petição, quem se desloca a pé, especialmente idosos, mães com carrinhos de bebé ou pessoas com mobilidade reduzida, enfrenta dificuldades diárias devido a lancis altos, grelhas mal posicionadas e calçadas degradadas.

Outro problema crítico é o excesso de velocidade nas estradas do concelho, com registos de veículos a circular a mais de 100 km/h em zonas residenciais e escolares, onde o limite legal é de 50 km/h. Em alguns casos extremos, foram reportadas velocidades de até 250 km/h, sem que houvesse uma resposta eficaz das autoridades.

A fiscalização, segundo os promotores da petição, é praticamente inexistente, e levantam dúvidas sobre a atuação da GNR e a real prioridade dada ao problema pela autarquia.

A petição defende a implementação de ciclovias seguras e funcionais, a criação de faixas partilhadas, a requalificação dos passeios e a redução do limite de velocidade para 30 km/h em áreas urbanas. Também sugere que os outdoors municipais, atualmente usados para promover Anadia, incluam mensagens de sensibilização para a segurança rodoviária.

Outra reivindicação é a reestruturação do transporte público local, nomeadamente o AnadiaSIM, para que os horários dos miniautocarros sejam ajustados de forma a facilitar a ligação com os comboios e permitir o transporte de bicicletas.

Apesar da pressão pública e do envolvimento de entidades como a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, o Ministério das Infraestruturas, o Tribunal e o Ministério Público de Anadia/Aveiro, a resposta das autoridades tem sido mínima. A Câmara Municipal, principal destinatária da petição, mantém-se em silêncio, o que tem levado muitos apoiantes da causa a questionar a transparência e a competência do executivo local.

A iniciativa também enfrenta resistência por parte de uma parcela da comunidade mais conservadora que, segundo os organizadores, tem receio de represálias. No entanto, os promotores da petição garantem que vão continuar a lutar para que a segurança rodoviária em Anadia deixe de ser negligenciada e passe a ser uma prioridade real. Para eles, a mudança não pode esperar, pois cada dia sem ação representa um risco evitável para a vida dos cidadãos.

O Jornal de Anadia tentou, até à data de fecho desta edição, obter alguma reação ou comentário por parte da autarquia anadiense mas não obteve qualquer resposta.

 

Margarida Verdade

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