Nelson Henriques Cerveira recorda-nos todos os meses algumas efemérides do concelho.
Professor Dr. Afonso Queiró
Nasceu na Curia a 9 de julho de 1914, faleceu em Coimbra a 25 de dezembro de 1995, filho de Joaquim Rodrigues Queiró e Rosa Almeida Maria. Foi casado com Maria Emília de Almeida Cortez Queiró.
Licenciado em Direito, na menção de Ciências Histórico-Jurídicas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1938. licenciou-se em Ciências Político-Económicas em 1940 pela Faculdade de Direto da Universidade de Roma. Em 1942 foi nomeado 2º Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e em 1944 foi nomeado 1º Assistente da mesma faculdade. Tornou-se Professor de Direito Administrativo em 1946 e Professor Catedrático de Ciências Políticas em 1948. Foi membro de várias Academias Científicas Nacionais e estrangeiras.
Foi Presidente do Conselho Jurisdicional da Federação Portuguesa de Futebol.
desde 1957 tornou-se Membro do Senado Universitário de Coimbra e desde 1965 tornou-se Diretor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Depois da revolução de 25 de abril de 1974, foi afastado compulsivamente da Função Pública. Reintegrado em 1978, voltou à Universidade de Coimbra, mantendo a Regência de Direito Administrativo. Foi, ainda, autor do Projeto de Estatutos da Universidade Católica Portuguesa de cujo Conselho Superior foi Membro.
Publicou a partir de 1938 várias obras.
Foi sempre devoto amigo do seu concelho, tendo presidido, desde 1938, à Junta de Turismo da Curia durante 15 anos.
Nasceu no Paço da Graciosa (Anadia) em 20 de julho de 1886 e faleceu solteira a 3 de junho de 1941. Filha de João Filipe Osório de Meneses Pita, o 2º Conde de Proença-a-Velha e de D. Maria de melo Furtado Caldeira Giraldes de Bourbon, filha primogênita dos 1º Condes de Foz de Arouce; e irmã de Filipe de Melo Osório, que foi Marquês da Graciosa-Anadia.
Uma alma que sabia sentir e viver o sofrimento alheio não hesitando em visitar os seus humildes lares, levando-lhes palavras de consolo, socorrendo-as monetariamente e até aplicando injeções nos enfermos.
Muito religiosa, deve-se-lhe o desenvolvimento da catequese na freguesia de Arcos-Anadia. a sua avultada fortuna foi toda gasta em proveito dos pobres da terra onde nasceu. depois de andar de porta em porta para auscultar de perto o grau de sofrimento de todos aqueles que precisavam do seu amparo moral e material, resolveu fundar o Dispensário de S. João de Deus, em Famalicão, onde ajudada pelas Irmãs de S. José de Cluny tratava os doentes. A D. Maria Joana se deve a fundação da Casa de Trabalho e, com a sua irmã D. Luísa, o Colégio do Sobreiro, hoje Colégio da Nossa Senhora da Assunção, contribuiu também com a sua influência, e até dinheiro, para que o Instituto Salesiano se fixasse em Mogofores. Morreu muito nova, numa altura em que os pobres tanto dela ainda esperavam. O seu retrato, exposto no Dispensário de S. João de Deus lembra para sempre esta querida e saudosa benemérita.
Manuel Alves – Poeta Cavador
A 24 de julho de 1901 morre o poeta Manuel Alves. Na sua campa está o mote a um dos seus versos.
Aqui findam as vaidades
Com que o mundo nos seduz;
Aqui há paz e abrigo
À sombra da eterna Cruz
Aqui findam os meus anos
À sombra do mausoléu;
Com a terra se envolveu
A origem dos meus planos.
A morte murchou meus ramos
Com as suas tempestades…
Aqui findam as saudades
Da esposa e da mãe querida,
Aqui murcha a flor da vida,
«Aqui findam as vaidades»
Ergue a campa e baixa ao fundo,
Vê nas suas profundezas
Onde ficam as nobrezas
Dos grandes heróis do mundo!
Aqui há prazer jucundo,
Aqui reflexo de luz!
Quando o homem se introduz
Envolto na sepultura,
É quando finda a loucura
«Com que o mundo nos seduz»
Não choro o mundo vaidoso,
Nem dele tenho sentimento,
Que na carreira do tempo
Se torna tão orgulhoso.
Aqui reina eterno gozo
À sombra do meu jazigo,
Tenho Deus, que é meu amigo,
Tenho a esperança nos céus,
Tenho em frente o Homem-Deus,
«Aqui há paz e abrigo».
Tenho a Virgem de meu lado
E os anjos na minha frente;
Gozo aqui eternamente
A paz do Crucificado!
Sou dos anjos consolado,
Gozo aqui a eterna luz;
Dos frutos que o céu produz
Gozo a virginal frescura;
Aqui há paz e doçura
«A sombra da eterna cruz!»