Megalómana intervenção no Monte Crasto – obra desnecessária e dispendiosa de 1,5 milhões de euros já iniciada pela calada; Missões empresariais/geminações com o Iraque; Projecto de biorresíduos de 600 mil euros que nunca vingará no nosso Concelho; Rotundas artísticas e dispendiosas; Canil minimalista que abre e passadas duas semanas fecha para férias; Diversas feiras, festivais, festas e eventos; Anadia Capital do Espumante, Capital do Desporto, Terra de Paixões.
O que têm todas estas obras e projectos MIAP a ver com a água? NADA, e esse é o maior problema. Para o executivo MIAP a água não é prioridade. Fica bem politicamente dizer que a água em Anadia não é concessionada e que é muito barata (pese embora no inicio de 2022 e antes da guerra e qualquer fenómeno inflacionista este MIAP tenha subido 25% a tarifa da água). Fica bem não aumentar a tarifa em ano de eleições, que foi o que sucedeu em 2021.
Mas já não fica bem, e não é popular e portanto ignora-se a clareza dos números e dos factos: Anadia é município campeão nacional do desperdício de água – mais de 64% da água captada e tratada perde-se em roturas ao longo da rede de distribuição. Anadia em mais de metade das suas freguesias tem ainda uma rede de água com amianto nas suas condutas. No Orçamento de 2022 do executivo MIAP as rúbricas saneamento e abastecimento de água tiveram um corte de 10% e 22% relativamente a 2021.
E o corolário desta gestão, neste querido mês de Agosto: rebenta o problema da água imprópria para consumo e com ele uma grave crise de confiança neste bem essencial e que é consumido por milhares de Anadienses. Não me vou focar no problema em si já sobejamente conhecido, na péssima gestão e comunicação do mesmo, mas nas soluções que o PS enviou à Presidente da CM num momento em que ainda não se sabe o resultado das análises efetuadas no dia 29 de Agosto.
Há que no imediato executar as seguintes medidas:
REFORÇO DAS ANÁLISES DA ÁGUA – analisar em mais pontos da rede e numa base diária e divulgação das mesmas nos vários canais: site e redes sociais do município, juntas de freguesia, locais de afixação de editais e jornais locais. É fundamental haver mais informação e mais transparência.
MEDIDAS DE FORNECIMENTO ALTERNATIVO A PESSOAS E INSTITUIÇÕES SEM CAPACIDADE DE ADQUIRIR ÁGUA ENGARRAFADA PARA CONSUMO – Nomeadamente idosos, doentes crónicos e pessoas carenciadas; IPSS´s, equipamentos municipais (velódromo, piscinas, campos desportivos, universidade sénior, museus, etc), Escolas, etc. Estes cidadãos e entidades têm que ter alternativas.
CONTRATAÇÃO DE ENTIDADE EXTERNA AUDITORA, ACREDITADA E EXPERIENTE (APCER, ISQ, ETC) PARA AUDITAR TODO O PROCESSO DE EXPLORAÇÃO DA ÁGUA – Este problema criou uma grave crise de confiança num produto essencial, que só pode ser mitigada com uma auditoria independente a todo o processo de exploração da água, desde a sua captação a tratamento, armazenamento e distribuição incluindo a rede de águas. Auditoria essa cujos resultados sejam acompanhados de um plano de acção também ele acompanhado por essa entidade independente.
ABERTURA DE UM INQUÉRITO INTERNO AOS PROCEDIMENTOS ADOPTADOS PELOS SERVIÇOS DE ÁGUAS DURANTE O MÊS DE JULHO E AGOSTO COM VISTA AO APURAMENTO DE FALHAS E/OU OPORTUNIDADES DE MELHORIA;
REDUÇÃO OU ISENÇÃO DA FACTURA DE ÁGUA CORRESPONDENTE AO PERÍODO AFECTADO;
No médio prazo há que politicamente fazer escolhas diferentes e promover o reforço do investimento na melhoria da rede de águas com vista à redução das fugas e melhoria da qualidade da água. Há que com a maior urgência substituir as várias condutas da rede de água que contêm amianto. E há que criar de um plano de redução efectiva do consumo de água no que é gerido pelo município com por exemplo colocação de redutores e botoneiras em todas as torneiras de edifícios da câmara e adequação/redução das cargas de água em todos os autoclismos dos mesmos edifícios; Requalificação das áreas ajardinadas; reaproveitamento de águas para rega; fortes campanhas de sensibilização para a redução do consumo de água.
Em Março, neste jornal escrevi um artigo intitulado a Paixão pela Água. Ao MIAP quero dizer que Anadia tem que ser também a Capital da Água, da atenção ao munícipe, da não censura nas redes sociais do próprio município, da transparência. E do investimento na água, que deve ser uma paixão de todos e deste executivo.
André Henriques – Vereador do PS na CM de Anadia