Numa sociedade cada vez mais competitiva e orientada para o sucesso material não é incomum ouvir expressões do tipo “aproveitar a juventude”. Esta frase, frequentemente associada a festas, viagens e aventuras de todo o tipo, sugere que a fase inicial da nossa vida deve ser dedicada ao prazer e à experimentação. No entanto, o prazer pelo prazer acaba por redundar num hedonismo vazio de sentido, especialmente que porque nos esquecemos que talvez haja uma forma de aproveitar a juventude de uma forma que transcenda todos esses valores e objetivos efémeros: sendo bom.
A bondade, uma virtude amiúde subestimada e desvalorizada, é uma força revestida de uma forte unicidade, sendo capaz simultaneamente de beneficiar a quem o bem é feito e enriquecer a vida, no melhor dos sentidos do termo, a quem o bem pratica. A prática da bondade será, aliás, o primeiro passo para construir um legado duradouro, imortalizado nos Homens e nas comunidades, permitindo que se desenvolva um sentido de propósito e realização que muitos procuram, sem o encontrar, durante toda a vida.
Portanto, citando o Papa Francisco, “ninguém se deve arrepender de gastar a juventude sendo bom”. Porque a bondade é uma semente que, uma vez plantada, floresce em múltiplas direções, beneficiando o doador e o recetor. Numa era em que a bondade é frequentemente vista como uma fraqueza, é mais importante do que nunca reconhecer que, na verdade, é uma das maiores forças que podemos cultivar. E seria importante que todos os jovens percebessem que ser bom não é um desperdício de tempo, mas a melhor maneira de aproveitar a juventude.
– por Carlos Vinhal Silva