Opinião por Carlos Vinhal Silva: As primícias da bondade

Numa sociedade cada vez mais competitiva e orientada para o sucesso material não é incomum ouvir expressões do tipo “aproveitar a juventude”. Esta frase, frequentemente associada a festas, viagens e aventuras de todo o tipo, sugere que a fase inicial da nossa vida deve ser dedicada ao prazer e à experimentação. No entanto, o prazer pelo prazer acaba por redundar num hedonismo vazio de sentido, especialmente que porque nos esquecemos que talvez haja uma forma de aproveitar a juventude de uma forma que transcenda todos esses valores e objetivos efémeros: sendo bom.

A bondade, uma virtude amiúde subestimada e desvalorizada, é uma força revestida de uma forte unicidade, sendo capaz simultaneamente de beneficiar a quem o bem é feito e enriquecer a vida, no melhor dos sentidos do termo, a quem o bem pratica. A prática da bondade será, aliás, o primeiro passo para construir um legado duradouro, imortalizado nos Homens e nas comunidades, permitindo que se desenvolva um sentido de propósito e realização que muitos procuram, sem o encontrar, durante toda a vida.

PUBQualquer ato de bondade, mesmo os mais pequenos, tem um impacto imenso, ainda que, muitas vezes, não seja notado por ninguém (e esses, talvez, serão os atos revestidos da bondade mais sincera e pura). Pelo contrário, quem prescinde da bondade na juventude como valor supremo, preferindo focar-se apenas em prazeres momentâneos e conquistas superficiais, terá que com uma sensação de vazio e arrependimento, porque as memórias de festas e aventuras e experiências, embora divertidas, não oferecem o mesmo sentido de realização e significado que a bondade proporciona. De facto, acreditamos profundamente que aqueles que escolhem a bondade como norte descobrem que, ao envelhecer, as suas vidas estão cheias de memórias significativas, memórias que ecoarão para sempre no seu pensamento e ressoarão igualmente no imaginário de outros, bem como um sentimento de realização que é inestimável.

Portanto, citando o Papa Francisco, “ninguém se deve arrepender de gastar a juventude sendo bom”. Porque a bondade é uma semente que, uma vez plantada, floresce em múltiplas direções, beneficiando o doador e o recetor. Numa era em que a bondade é frequentemente vista como uma fraqueza, é mais importante do que nunca reconhecer que, na verdade, é uma das maiores forças que podemos cultivar. E seria importante que todos os jovens percebessem que ser bom não é um desperdício de tempo, mas a melhor maneira de aproveitar a juventude.

 

– por Carlos Vinhal Silva

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