Conhecemos melhor a freguesia de Avelãs de Cima e fazemos o balanço de três anos de trabalho liderados, no seu primeiro mandato, por José Manuel Carvalhos. Além do que já está feito, perspetivamos o que falta fazer nos meses que nos separam das próximas eleições autárquicas.
Jornal de Anadia (JA) – Que balanço faz, agora que entramos na reta final do mandato?
José Manuel Carvalho (JMC) – O balanço que faço é extremamente positivo. Até agora, tudo o que foi apresentado e aprovado no plano de atividades e, claro que dependia de nós, foi executado. Os acordos feitos com a Câmara Municipal também estão também desenvolvidos. Apesar de os planos estarem em total execução, falta apenas concretizarmos duas obras: uma relacionada com umas valetas e voltarmos a pintar todas as fontes e fontanários da freguesia. Mas também isto será terminado até ao final do mandato. Considero também que estamos sempre ao lado das coletividades, das festas e festividades.
JA – Qual o maior problema com que essa freguesia se debate?
JMC – Temos um grande desafio e ele prende-se pela dimensão da nossa freguesia. Temos 15 povoações com residentes e um grande problema com que nos debatemos é a qualidade da rede viária entre algumas destas localidades. Além disso a falta ou dificuldade em ter rede móvel 5G. São questões que estão fora do nosso domínio mas que estamos em diálogo e pressão constante junto das entidades competentes. Temos, por exemplo, atualmente um investidor interessado em desenvolver um alojamento local na Póvoa do Gago mas que não avança por falta destes serviços. Continuamos com quatro localidades sem saneamento e gostaríamos de tratar disto até ao final do mandato. Sabemos que o Município teve que tomar decisões sobre os investimentos a fazer no concelho quando recebeu as transferências de competências na saúde e na educação.
JA – A população da freguesia está envelhecida?
JMC – Nos últimos anos já recuperámos grande parte da perda de população que vínhamos sentindo até então e isso vê-se na construção de novas habitações. A população está a envelhecer e a justificação é simples: os jovens saem à procura de novas oportunidades e nem todos voltam. O facto de a população envelhecer também faz com que o papel da Junta de Freguesia se altere e seja muitas vezes um ombro amigo. Não foi fácil, por exemplo, manter a unidade de saúde, uma valência muito importante para a população. As pessoas têm que ter condições para se sentirem bem aqui. Vamo-nos adaptando. Temos, por exemplo, mercearias que já levam as compras a casa das pessoas. São coisas simples mas que ajudam a manter e melhorar a qualidade de vida das pessoas e, de alguma forma, cremos que ajuda a manter as pessoas cá. Tem sido feito também um trabalho de criação de equipamentos para os mais jovens e existem várias infraestruturas infantis em vários pontos da freguesia para que as famílias saibam que pensamos nelas. O espaço da piscina que criámos tem sofrido melhoramentos e este ano apresentámos um tanque mais pequeno para as crianças mais pequenas.
JA – O que gostaria de ver no futuro da freguesia?
JMC – Gostava de um dia ter uma creche na freguesia. O apoio às IPSS é parco neste sentido. No concelho vemos um défice de vagas nas creches, o que não faz sentido quando existe infraestruturas que podiam servir uma. Tenho também a esperança de um dia vir a ter uma infraestrutura desportiva para todos, que durante o período diurno desse apoio à escola e que fora desse período estivesse ao dispor da população.
JA – Uma das grandes problemáticas ao nível nacional tem sido a crescente vinda de migrantes. Acontece em Avelãs de Cima? De que forma tentam ajudar na sua integração?
JMC – Temos pessoas na freguesia oriundas de várias nacionalidades e vários continentes. Algumas até já frequentam os espaços comuns e comerciais, o que é ótimo para a sua integração. Não temos nenhum tabu nesta questão e estamos aqui para ajudar no que for necessário.
JA – Como é a relação da Junta de Freguesia com a autarquia?
JMC – Temos uma relação profissional e com ética. Posso considerar que é uma relação positiva. É claro que há sempre coisas que falham mas temos noção que problemas como a falta de mão-de-obra e materiais em nada ajuda os serviços públicos.
JA – O que está cumprido e o que ainda lhe falta fazer até ao final do mandato?
JMC – Como já havia dito tudo aquilo que foi apresentado, discutido e aprovado em Assembleia já foi executado. Quero deixar ainda a nota de que antes de fecharmos qualquer plano de atividades ouvimos sempre as opiniões e acolhemos as opiniões da oposição. Até ao final do ano contamos fazer o lançamento do hino da freguesia, que foi musicado pelo inCantus e por outros músicos profissionais. É uma ideia que vem do anterior executivo. O hino está pronto e o CD também, falta apenas lançarmos. Tentámos que tivesse a participação de pessoas do concelho, por forma a criar riqueza na freguesia e no concelho.
JMC – Temos continuado a criar condições para que os serviços da Junta sejam mais eficientes para os cidadãos. Temos apostado nisso. Há ainda questões orçamentais, porque o aumento de financiamento não permitiu fazer face à inflação. A freguesia tem boa saúde financeira, a equipa discute todos os orçamentos ao cêntimo e não gastamos dinheiro que não precise de ser gasto.
JA – E quanto ao apoio ao associativismo? Avelãs de Cima é dinâmica em relação às atividades das associações? Qual o papel da Junta de Freguesia?
JMC – Os associativismo na freguesia de Avelãs de Cima existe, está vivo e tem o apoio da Junta de Freguesia. Apoiamos tudo o que traga benefícios para a freguesia.
JA – A grande mancha florestal da freguesia é ponto de preocupações?
JMC – Esta é a freguesia com mais área florestal do concelho. O programa de vigilância da floresta existe desde 2018 e foi criado pelo Município porque entenderam que seria uma mais-valia ter um programa de defesa da floresta e eficaz na comunicação. As três freguesias juntaram-se nesse sentido, apesar de cada uma ter a sua própria associação. Os resultados são claros, no sentido em que a área ardida tem sido muito pouca. Mas programas como estes têm que ter mais apoios. Muitas vezes as pessoas agem e defendem a floresta que não é delas (mas é de todos) e não há qualquer retribuição.
JA – Porque decidiu ser candidato pelo MIAP?
JMC – Porque, na realidade, foi a única “força política” que se dirigiu até mim para fazer parte deste projeto. Fui convidado e aceitei.
JA – A recandidatura está em cima da mesa?
JMC – É um assunto que ainda não foi falado entre nós. Mas acredito que isto possa ser um projeto com continuidade, que ainda não seja para parar. Eu acredito que no poder local não há forças partidárias e o importante é a confiança que temos nas pessoas e nos seus projetos.
JA – Que mensagem quer enviar à população da sua freguesia?
JMC – Tenho que deixar uma mensagem de esperança, de abertura e proximidade. Existimos e insistimos em trabalhar no bem-estar de todos.