Uma das vantagens das redes sociais é a facilidade de interação entre o emissor e o recetor das mensagens, ao contrário do que se passa com a comunicação social escrita, ou o audiovisual, onde o utente recebe passivamente a informação que alguém lhe quer prestar e a única opinião visível é a do responsável pelo texto ou pelo programa que é oferecido.
Os responsáveis pelo setor da comunicação da Câmara Municipal de Anadia, por ordem expressa dos seus superiores, ou por iniciativa própria não controlada pelos responsáveis políticos dos destinos do município, não entenderam essa característica das redes sociais ou, se o entenderam, não têm pejo em reproduzir as formas antidemocráticas de censura que tanto criticámos nos tempos do estado novo.
Desde a criação da página de facebook do município que é prática comum apagarem todos os comentários, embora mantendo a hipótese de os mesmos serem feitos, numa atitude de falta de respeito pelos que “ousam” intervir nessa página, e, deste modo, perturbar a paz podre instalada há anos, ao apresentarem críticas (que eles não querem saber) ou sugestões (que eles não querem analisar).
As recentes atitudes face à intervenção no Monte Crasto, e à (in)certeza sobre a qualidade da água fornecida na rede doméstica de abastecimento, a recusa sistemática em manter online as transmissões das Assembleias Municipais, ou ceder aos pedidos de um esclarecimento público em matérias capazes de provocar alarido e inquietude junto da população, como foi também o caso da central de betão, são provas de uma opacidade comunicativa pouco vulgar nas autarquias que procuram gerir com e para os munícipes.
Mais exemplos se poderiam aqui referir da falta de diálogo e do crescente distanciamento dos que governam daqueles a quem um dia, com contactos e auscultações de rua, promessas de melhores tempos, seduziram para que lhes dessem o voto necessário para a sua manutenção no poder.
Mas nada disto nos espanta muito. Olhando atentamente para as mais de 50 promessas eleitorais do MIAP aquando das últimas eleições autárquicas, amplamente difundidas nas redes sociais, encontramos 11 vezes “dar continuidade/continuar”, 9 vezes “manter” e nunca “Ouvir, Inquirir, Auscultar”. Mesmo a palavra “Dialogar” aparece apenas em duas ocasiões muito específicas: com o Conselho Empresarial Municipal e com a Escola Profissional e o Agrupamento de Escolas de Anadia.
Perante tal posicionamento, facilmente somos levados a concluir que, desde logo, se via que a opinião dos munícipes não contava para nada.
Mas mesmo assim os eleitores acreditaram que se poderiam fazer ouvir e depositaram o seu voto na força política que iria atender aos seus interesses e anseios.
Puro engano!…
Fátima Flores, militante do PEV, eleita na Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Arcos e Mogofores
Rui Bastos, militante do PCP, eleito na Assembleia Municipal de Anadia