Com o Verão a chegar ao fim, terminam por uns meses os habituais gastos faraónicos com que o MIAP nos tem brindado, chamando-lhes “investimento”. O PS pediu em final de Agosto as contas da FVV edição de 2023, que conta já com 20 edições. Assim, na última reunião de Câmara o executivo MIAP apresentou um documento que chamou de “Balanço da FVV 2023” onde o que se destaca é o habitual prejuízo, ou défice se se quiser chamar, de mais de 262 mil euros! A que corresponde uma despesa (investimento para o MIAP) de mais de € 365.440+ IVA e uma receita de € 102.802 + IVA. Claro que o prejuízo é muito maior pois não foram apresentadas despesas com por exemplo as horas extraordinárias que dezenas de funcionários despenderam antes, durante e depois da Feira.
Sobre o certame em si não é preciso ser-se especialista para achar bizarra uma organização em que a receita de bilheteira foi de 56.306 € mas só os concertos custaram praticamente 4 vezes mais, uns estonteantes 195.510€! Igualmente o aluguer de espaços tem uma receita de 20.619 € e o custo dos stands e tendas é 5 vezes superior, 106.000€! Ainda no domínio do inexplicável está o Município a suportar o custo com o Espaço Bairrada no valor de 10.862 €, sendo que a receita deste espaço não fica para o município mas para a Associação Rota da Bairrada, que já é apoiada de forma regular ao longo do ano na ordem das dezenas de milhares de euros.
Por outro lado, vimos os stands das Juntas de Freguesia a oferecer centenas ou milhares de taças de espumante, fazendo concorrência aos stands que legitimamente pagaram para explorar a venda desta bebida. E os restaurantes tradicionais relegados para o último patamar sofrendo da concorrência da praça das associações e outras situações de desequilíbrio e injustiça.
O PS defende que este modelo da FVV tem que ser rapidamente revisto. Não se podem vender bilhetes a 3 euros e trazer um cartaz que custa perto de 200.000€… Somos da opinião que este evento deve ser acessível a todos, pelo que o problema não se coloca do lado do preço dos bilhetes, mas sim do lado da despesa, que é absolutamente insustentável. 20 anos é muito tempo de aprendizagem e que requer evolução. No executivo MIAP, temos pessoas sem experiência profissional de eventos a organizar um certame há mais de 10 anos e que nesta última década gastaram seguramente perto de 4 ou 5 milhões de euros. O que fica com a FVV? O que sobra depois de 5 dias de folia pagas com o dinheiro de todos nós contribuintes? Muito pouco. E há tanto por fazer, muitas carências para mitigar, muitas prioridades para executar.
Será que não há necessidade de investir na rede de águas, na qualidade da água, no sector social, na habitação, no desporto, na educação, no transporte e tantas outras áreas? Haver há, mas o orçamento é como um cobertor, se estica para o lado das feiras, festas e festivais vai obviamente destapar as outras carências.
O PS concorda que exista uma festa da cidade, seja FVV ou outra, onde as pessoas se possam encontrar e disfrutar de alguns momentos de lazer e animação. Mas somos profundamente contra este despropósito de prejuízos, pois um executivo municipal responsável tem que ser mais criterioso e inteligente a gerir o dinheiro que na realidade é de todos nós.