Opinião por Albano Jorge: O Cachopo

O rio corre para o mar

o tempo corre para Dezembro

e se o encontro do rio é agitado no sal

o encontro do tempo é nas ruas … chegado que é o Natal!

 

Naquela esquina

… como se ela fosse a margem de um rio,

onde, o caniço prende das águas o lixo…

um CACHOPO

estende a mão a quem passa

e, quem passa, no turbilhão da indiferença

deixa-lhe as sobras de uma crença.

Umas vezes, tudo acontece, num nevoeiro mudo

Noutras, tudo acontece, por gestos mandados:

 

“ –Filho, vai dar esta esmola ao pobrezinho …

Mas, se o caniço prende do rio o lixo que nele navega

a boina do cachopo, na esmola que alberga,

oculta, nas grades das dedos, o cárcere da santidade apregoada.

 

O rio corre para o mar.

O tempo desagua no Natal!

O cachopo caminha ao encontro do nada

entre…

o silêncio das trintas moedas que na sua boina guarda

e o anunciado sussurrar das águas da ribeira.

 

Num segundo

nas moedas lançadas nas águas…

Desaparece

a santidade apregoada

e a revolução para se acabar com os pobres.

 

– O CACHOPO … não se vendeu !

 

Albano Jorge

SUBSCREVA JÁ

NEWSLETTER

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Aceito Ler mais