O mundo parece um navio numa tempestade incessante: há ondas bélicas que chocam contra nós; ventos de turbulência política que rasgam as nossas velas; nuvens escuras de uma profunda divisão social que pairam sobre as nossas cabeças. Sentimo-nos à beira do naufrágio, mas temos ainda a esperança de sobreviver. Porém, para garantir que o navio não se afunda é fundamental que cada um nós assuma a disposição de assumir o leme e fazer a sua parte para que todos se mantenham à superfície.
É verdade que os desafios que enfrentamos são colossais. A paz tem sido um jardim negligenciado, sufocado pelas ervas daninhas da ambição e queimados pelos incêndios da ganância; os nossos sistemas políticos parecem máquinas velhas e enferrujadas, com engrenagens que rangem e se desgastam cada vez mais; socialmente, estamos à beira de um vasto abismo, com a distância entre os seres humanos a crescer a cada dia.
Seria mais fácil acreditar que todos estes problemas são grandes demais e que nós somos demasiado pequenos e, por conseguinte, nada do que fizermos fará diferença. No entanto, defender esta visão é como assistir ao nosso navio a encher-se de água e pensar um balde não vai ajudar. Ainda que uma única pessoa não consiga acalmar a tempestade, igualmente verdade é que o navio afundará seguramente se todos os marinheiros, um a um, negarem as suas responsabilidades e desistirem da sua missão. Isto significa que o esforço combinado da humanidade inteira pode levar-nos para águas mais seguras e que, por isso, não somos impotentes: somos seres humanos e as nossas ações, por menores que sejam, são o suor e o sangue que mantém o mundo em movimento.
Então, a questão não é se a tempestade passará por si só: a questão é se estamos dispostos a navegar através dela, a assumir o controlo do nosso destino partilhado e guiemos a humanidade em direção a um futuro onde todos possamos prosperar. O mundo olha para nós no meio dos mares agitados e a hora de atuar é sempre agora!
– por Carlos Vinhal Silva