Algo que é visível e preocupante é que vivemos numa época e numa sociedade que não valoriza de uma forma condigna os livros e em que, consequentemente, não se lê. Esta depreciação dos livros prende-se, seguramente, com a emergência de um mundo digital que se move muito mais rapidamente que o mundo literário, o que parece tornar os livros obsoletos ou, na melhor das hipóteses, uma relíquia do passado. Acontece que, ao contrário do que se julga, ou, pelo menos, julgam aqueles que não leem, os livros não são apenas palavras colocadas numa página: são portões para novos mundos, ideias e experiência, pelo que nada pode substituir os livros no cultivo da imaginação e do pensamento.
De facto, se dedicarmos um pouco do nosso tempo a refletir sobre a importância dos livros ao longo da nossa vitalidade e da própria história humana, facilmente notaremos que os livros estabelecem as fronteiras em que nos movemos, não só porque estão inseridos num contexto histórico-temporal a partir do qual nos desenvolvemos, como também têm uma clara função de permitir o nosso crescimento e desenvolvimento pessoal e coletivo, como indivíduos e comunidade. Acendem a nossa criatividade, desafiam as nossas crenças, permitem-nos que exploremos terrenos até então desconhecidos, descubramos novas verdades sobre o mundo, oferecem oportunidades de alargar os nossos horizontes e ligam-nos à vida de uma forma que nada mais consegue. Numa frase apenas: os livros inspiram-nos a ser melhores; ou, dito de melhor forma: os livros tornam-nos melhores.
Carlos Vinhal Silva