Valter Vinagre: o fotógrafo de Anadia que alargou horizontes

Valter Vinagre nasceu em Anadia, em 1954, onde viveu até aos dezoito anos. A ligação ao concelho, no entanto, não se deixou ficar por aí.

“Há uma ligação sentimental que se mantém”, afirma o fotógrafo, acrescentando que mantém a casa de família e várias relações de amizade em Anadia.

Também a ligação às artes visuais remonta a uma tenra idade de Valter Vinagre. O pai, alfaiate de profissão, tinha várias revistas e desenhava moldes no seu dia-a-dia. Em Avelãs de Caminho, o jovem assistia às projeções de cinema na Casa do Povo. “Tudo isso é muito visual”, destaca o fotógrafo.

Começou a fotografar com vinte e poucos anos, influenciado por esta visualidade que marcou o seu percurso.

“São uma série de fatores e experiências pessoais que me levam a aceitar que a ferramenta que me servia melhor para aquilo que eu queria era a fotografia”, revela.

“Em termos do foco, pouco ou nada mudou. Em termos do olhar, é normal que se afine ou que se estrague”, afirma o fotógrafo, entre risos.

Em relação ao tipo de trabalhos a que se dedica, Valter Vinagre não deixa margem para dúvidas: “Se no princípio sabia o que queria, hoje sei o que faço”, destaca. A sua principal área de interesse é o ser humano e as suas relações, bem como os seus lados político e filosófico. O fotógrafo procura também alargar horizontes e explorar locais diversos.

“Tento que o meu farol não se cinja a um etnocentrismo”, acrescenta, destacando que procura olhar para fora da sua zona de conforto.

Questionado sobre a situação da fotografia em Portugal, Valter Vinagre constata que “hoje estamos muito melhor”, enfatizando a diversidade de escolas de formação na área. O fotógrafo, que apresentou até 31 de março uma exposição no Fórum Cultural de Ermesinde, defende a circulação dos projetos além dos típicos centros do país.

“Se não tivermos a humildade de mostrar os nossos trabalhos fora dos circuitos habituais, dos centros, não estamos a fazer um bom trabalho”, salienta Valter Vinagre, acrescentando que “se queremos ter pessoas formadas e cultas, não podemos ficar sempre dentro dos circuitos normais da exposição”. Para Valter Vinagre, estas exposições são sempre muito proveitosas, e o caso de Ermesinde não foi exceção.

Olhando para o futuro, o fotógrafo destaca o objetivo da exposição do projeto “Cerco de Lisboa” que reúne quatro fotógrafos e três fotógrafas com diferentes olhares sobre Lisboa. Valter Vinagre produziu uma série fotográfica e realizou um filme neste âmbito. Dedicar-se-á também a trabalhos por encomenda.

Os projetos de futuro estão, no entanto, sempre sujeitos a alguma incerteza. O fotógrafo revela que é comum surgir-lhe uma vontade repentina de se dedicar a projetos que há muito habitavam na sua cabeça.

“Isso não tem encomenda possível. Há que dar corpo ao manifesto e toca a andar – não penso ficar parado”, conclui Valter Vinagre.

 

Adriana Vicente

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