O Tribunal de Aveiro começou ontem, terça-feira, a julgar um caso de alegada imigração ilegal e falsificação de documentos envolvendo o AC Famalicão. O esquema consistia em contratar jogadores brasileiros, através de cartas-convite e manifestações de interesse, com documentação falsa, para jogarem neste clube ou outros da região, em troca de alojamento, alimentação e remuneração baixa.
O presidente do AC Famalicão não compareceu no julgamento nem apresentou qualquer justificação. Outro dos arguidos também não esteve presente por se encontrar no estrangeiro, decorrendo o julgamento na sua ausência. Os dois arguidos presentes ficaram em silêncio, tendo os juízes começado por ouvir os inspetores do antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Os dois angariadores de jogadores de futebol, também empresários, de nacionalidade brasileira, estão a ser julgados ainda noutro processo idêntico, também no Tribunal de Aveiro.
Durante as épocas de 2017/2018, 2018/2019 e 2019/2020, os arguidos colocaram mais de 40 atletas brasileiros, de forma ilegal, em vários clubes da Associação de Futebol de Aveiro.
Os jogadores entravam no país ao abrigo do “regime de isenção de vistos”, sobretudo para estadias de turismo que não excediam os três meses, tendo alguns pagado mais de mil euros aos arguidos brasileiros, que seria para custear as suas despesas de alimentação e alojamento em território nacional.
Alguns atletas ficaram alojados na sede do clube em “parcas condições de habitabilidade”, onde, por quarto, coabitavam oito ou mais pessoas, sendo a alimentação fornecida pelos arguidos. Estes jogadores acabavam a jogar para diversos clubes da 1.ª Divisão Distrital, na esperança de que o seu talento viesse a ser reconhecido.