É oficial: A nova selecionadora feminina Santomense é de Anadia

Seguiu as pegadas do pai e a bola de futebol, ambos os caminhos encontraram-se e abriram uma porta única para Lígia Santos. Uma estrela no mundo do futebol, a “Pipi Santos” deixou o interior dos relvados e, agora, é a selecionadora oficial da equipa feminina Santomense.

Filha de José Santos, também conhecido por Tomé, um antigo jogador do Anadia Futebol Clube, foi introduzida ao desporto ainda jovem, na altura mal sabia o sucesso tremendo que ia ter uma simples brincadeira.

Realizou o primeiro jogo no Pedralva, contra a União Recreativa Ferreirense. Pelo talento foi jogar para a equipa rival e lá permaneceu entre 1986 e 1990. Voltou a este mesmo clube em 2009, aproveitou a estadia e, em 2012, tirou o curso de treinadora na Associação de Futebol de Aveiro.

Fora das quatro linhas acabou por começar a ter outra visão, um sonho que tinha enquanto estava acordada, um pensamento que sempre esteve lá, mas nunca foi visto. Foi a partir do momento em que Lígia se tornou treinadora do Clube de Cortegaça, e outros clubes nos EUA posteriormente, que se dedicou à valorização do futebol feminino. Hoje considera esse objetivo a grande meta de vida. Em 2019 abriu um centro de formação de futebol feminino, sempre na esperança de mudar o paradigma e o estereótipo desportivo.

Em declarações exclusivas ao Jornal de Anadia, Lígia confessou que o concelho tem muita potencialidade e infraestruturas, como o campo do Anadia, com excelentes condições, para receber equipas de futebol feminino. A ex-futebolista também referiu que os clubes poderiam “aderir mais ao futebol feminino” e que deveriam fazer mais coisas para incentivar a zona centro.

PUB“Existem atletas, o que não existe é boa vontade dos dirigentes dos clubes. Na minha altura o único clube que fazia de tudo era o Ferreirense. Eles pagavam do próprio bolso e levavam as atletas a casa. Agora existem subsídios para o futebol feminino, os dirigentes é que não querem estar com esse trabalho”, revelou.

“Anadia tem muitas jovens que devem ser motivadas nas mais variedades modalidades, não só no futebol. A Alexandrina Pina jogou comigo no Ferreiros, existem muitas ex-jogadoras em Anadia. A Ilda Claro foi defesa central no Ferreiros. Em São Tomé precisam mais de mim e, enquanto aqui o futebol é mais solidário, em Portugal já se pensa mais em dinheiro do que na inclusão e no futebol feminino”, acrescentou.

Vinda diretamente de Anadia, a luso-santomense, vem agora mostrar o brilho e valorização do futebol feminino. Apesar de ter nascido no concelho português, as raízes da ex-atleta fizeram com que ganhasse um grande amor pela terra de descendência, uma paixão que não deixou passar ao lado na primeira conferência de imprensa.

“Era isto que eu queria, estar nesta posição. É um sonho que quem gosta de futebol, quem vive o futebol como eu, este é definitivamente o meu lugar para São Tomé, era o que eu realmente queria fazer”, disse.

Com 55 anos, Lígia Santos já deixou uma marca bem calcada em campo, no entanto a tarefa já não passa só por marcar golos: “Quero desenvolver o futebol feminino e levar o nome de São Tomé e Príncipe a outros patamares”.

Com as rédeas do comando técnico das seleções femininas de São Tomé e Príncipe, a nova treinadora vai defrontar a Nigéria com a seleção principal e o Egito com a equipa sub20. O convite da Federação Santomense de Futebol indica que Lígia Santos vai estar à frente das seleções femininas até meados de 2024.

 

Tiago Alexandre

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